
Quando o assunto é a obesidade infantil, logo pensamos naquela criança dentro do apartamento com computador e televisão na sua frente, e a porta da geladeira abrindo e fechando o tempo todo. Certo? Parcialmente.
É correto relacionarmos o aumento do sobrepeso e obesidade de crianças e adolescentes com o estilo de vida urbano, a falta de atividade física e a alimentação industrializada. Mas esse quadro não é completo.
Pesquisas indicam pelo menos dois outros fatores que parecem ser ingredientes importantes na questão: a obesidade dos pais e a ocorrência de estresse familiar.
Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária da UERJ analisou 260 alunos de 10 a 19 anos de uma escola pública no Rio de Janeiro e verificou que 15,6% estavam acima do peso recomendado para a sua faixa etária e 11,7% já poderiam ser consideradas obesos. De acordo com os resultados, 37,9% dos meninos acima do peso relataram ter pais com esse problema; entre os jovens com peso normal, esse índice foi de 28,7%.
Outro aspecto que chama atenção nesse trabalho é o fato das crianças que participaram do estudo serem de classe média/classe média baixa. Foi interpretado pelos pesquisadores como um sinal de que pelo menos hoje no Brasil não é preciso ser rico para comer demais...
O outro estudo a que me refiro foi publicado no The Journal of Pediatrics em julho de 2008. Associa o estresse familiar ao risco de as crianças se tornarem obesas. Comparando o nível de estresse na família de 7443 crianças de cinco e seis anos desde seu nascimento, pesquisadores suecos descobriram que crianças de famílias com altos níveis de estresse tinham o dobro do risco de obesidade.
No período do estudo, os pais tiveram de relatar os eventos estressantes na vida familiar, como acidente ou doença, morte, divórcio, desemprego ou violência. E as famílias que apresentavam problemas em diversas áreas, tinham as crianças com maior propensão a se tornarem obesas.
Os autores destacam que a obesidade pode interagir com outros fatores que pioram a obesidade infantil; e é importante que essas famílias com maior estresse procurem ajuda. Saiba mais sobre assunto em:
http://www.jpeds.com/article/S0022-3476(08)00511-8/abstract
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