domingo, 21 de dezembro de 2008

Perdeu o emprego durante a crise?


Perder o emprego em tempos de crise (seja ela real ou em ebulição) geralmente é motivo de stress, inquietação, medo. Primeiro, porque é raro o principal personagem da história não ser surpreendido com a notícia. O susto vem da facilidade como esquecemos que a vida é uma “caixinha de surpresas” e que, ao menos em tese, tudo pode acontecer a qualquer um, a qualquer tempo. Até um desemprego inesperado em plena crise!

Outra coisa a lembrar é que no anseio de aliviar o impacto da demissão, joga-se no contexto externo toda a culpa pelo fato consumado.

E você, ao acreditar no tamanho e força da situação externa, além do emprego corre o risco de também perder a esperança por não conseguir enxergar a menor perspectiva de reinserir-se no mercado caótico à beira de um colapso. Mas, o pior é que, em geral não se recebe nenhuma informação que seja útil para entender o porquê da escolha. Sim, ser demitida significa que você foi a escolhida para deixar o grupo e existiram razões (objetivas e subjetivas) para isso, você concorde ou não com elas!

Demitir qualquer um a qualquer hora, pelas regras desse jogo, já não se discute.

O que não se aceita é a omissão ou não clareza dos motivos que levaram seu nome à lista dos desligados da vez. Dois recados e o primeiro pra você, demitida de primeira viagem em plena crise:
“― Preocupação sim, desespero jamais!”

Crises sempre foram excepcionais momentos de renovação e criação de alternativas.

Lembro de uma consultoria de sucesso que foi criada por profissionais atendidos na DBM*, meses após o insólito dia D do Plano Collor**, a partir de respostas inteligentes às perguntas com que os desafiamos:
“― Como vocês podem fazer dinheiro sem dinheiro, contando exclusivamente com o que lhes restou (suas experiências, relacionamentos, competências, vontades, capacidades...)?”
“― Qual papel e espaço de contribuição profissional esse conjunto os habilita, num mundo/país (momentaneamente) em recessão e crise?”

Digo momentaneamente porque quem já passou por crises de qualquer tipo (saúde, relacionamento, família) reconhece o quanto tudo é efêmero numa perspectiva ampliada de tempo. O segundo recado vai para você que hoje está do outro lado da mesa e do jogo.

Tenha coragem de dizer a verdade e acredite na maturidade e capacidade das pessoas de suportarem momentos difíceis, principalmente quando reconhecem um tratamento digno e respeitoso, que principia no direito de ouvirem algo além de explicações macroeconômicas, estruturais, conjunturais, bestiais.

Você sentirá, na pele e na alma, os efeitos positivos de sua atitude, agora e também no (certo) incerto amanhã que a todos espera.

__________________
* Consultoria de outplacement
* Plano anunciado em 16/03/1990, um dia após a posse do novo Presidente, incluindo entre outras medidas: congelamento de 80% dos bens privados por 18 meses; alta taxação de todas as transações financeiras; eliminação da maioria dos incentivos fiscais; reajustes de preços de entidades públicas e congelamento de preços e salários.

Nenhum comentário: