
Henry Ford, quando criou a brilhante idéia da linha de montagem para automóveis, disse que os compradores de carros poderiam ter veículos “de todas as cores que desejassem desde que fossem pretos”. Hoje, a frase do fundador da Ford nem sequer é lembrada aos funcionários atuais. Qualquer indústria automobilística que seguisse este conselho pediria falência mais rapidamente do que os dois minutos que você levará lendo este texto.
Isso acontece porque todos nós gostamos de ter opções. Gostamos de poder escolher entre um caminho, e outro. É natural.
Por outro lado, nenhum de nós gosta da sensação de dúvida. A dúvida drena energia de nossas vidas, de nossas empresas, de nossos projetos e de nosso corpo e mente. Quando temos uma dúvida da qual não saímos, o pensamento fica em um círculo vicioso que pode até provocar a paralisia completa de nossas decisões. No mundo dos negócios, isso é chamado de paralisia por análise. Quem já passou por isso, sabe bem o significado. Você fica tentando obter mais dados, mais informações, indefinidamente, para poder tomar uma “decisão certa”. Geralmente, isso leva a um problema ainda maior do que aquele que tentamos resolver.
Se, por um lado, gostamos de ter opções, por outro, detestamos a dúvida. Será que este caminho é melhor que aquele? Qual opção trará felicidade? Qual dos dois produtos eu compro, se o dinheiro permite apenas a compra de um? Todos nós queremos ter opções, mas ninguém gosta de ter dúvidas. Infelizmente, uma não existe sem a outra.
A solução é dividir suas dúvidas em partes – como se fossem pedaços de pizza. Em meu trabalho de coaching, meus clientes e eu operamos vários tipos de dúvidas diferentes.
Mas, como não é possível tratar disso em tão poucas linhas, vou contar qual é minha estratégia emergencial. Quando o caos toma conta, eu faço o que qualquer objeto da natureza, qualquer animal vivo, exceto o homem, e qualquer sistema natural faz: torno-me l-e-n-t-o.
Isso mesmo. Faço como a água represada. Paro e estanco por algum tempo. Faço como o leão que está sendo cercado. Observo e fico atento a qualquer movimento. Faço como o camaleão, sentindo um ataque. Mimetizo-me com o ambiente, sentindo o que está acontecendo. Apenas depois eu parto para a ação. Depois de entender qual foi a “mudança na Matrix”. Como o leão, que ao compreender o perigo, corre para a direção com maiores probabilidades de sucesso.
Há riscos nisso? Claro que há. Mas a vida tem riscos, assim como cada uma das estratégias escolhidas para passarmos por ela.
Sei que o conselho corrente é justamente o oposto. Há consultores por ai propondo o incremento da velocidade como estratégia de resolução de problemas. Cuidado com eles. Sair correndo, durante um incêndio, e pegar rapidamente o elevador pode ser eficiente, mas é a pior estratégia possível. E, em um incêndio, o objetivo é salvar a sua vida e a dos outros. Fique longe de elevadores. Não corra. Pense. Sinta a dúvida. Projete as conseqüências, se puder. Como disse William Shakespeare, “o farol do bom senso costuma receber o nome de... dúvida”.
Velocidade só tem importância quando a direção é a correta.
Nem sempre funciona, porque há outros fatores ocorrendo ao mesmo tempo. Além disso, prudência, bom senso e sensatez não são populares, em uma cultura marcada pelo controle mecanicista e pelo incentivo para que cada um de nós decida cada vez mais rápido.
Ainda assim, caldo de galinha e prudência, como diz o velho adágio, não fazem mal a ninguém.
Pessoalmente, gosto muito da frase de William Shakespeare: “O farol do bom senso costuma receber o nome de dúvida”. Você está em dúvida? Então, talvez você vá mais longe, tenha maior qualidade de vida e experiências muito mais ricas para sua existência. Basta não ficar preso na dúvida eternamente. Basta não ter paralisia por análise.
Nem mesmo o maior dos leões fica parado eternamente quando sente os caçadores se aproximando. E acredite: há caçadores se aproximando de você. Pare. Observe. Depois, faça a coisa certa.
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