sábado, 13 de dezembro de 2008

HPV: Tire suas dúvidas


Uma das formas da infecção pelo HPV, o condiloma, é conhecida desde a Antigüidade. A maior preocupação com esta virose é decorrente de recentes descobertas que associam o HPV ao câncer genital. Várias questões surgem quando é feito o diagnóstico desta infecção, que procuramos responder nestas páginas.

* As respostas aqui contidas baseiam-se na literatura médica disponível e em sua interpretação pelos autores. Por este motivo, algumas respostas podem ser contrárias à opinião de seu médico assistente. Este deve ter a última palavra por considerar cada caso individualmente.

O que é a infecção pelo HPV?

A infecção pelo HPV é uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns em todo o mundo. Uma de suas formas de manifestação é a de condilomas ou verrugas, que podem aparecer nas regiões genitais. Também podem produzir lesões planas ou microscópicas ou, ainda, não produzir lesões.

Na maioria das vezes é transitória, desaparecendo sem deixar vestígios, podendo ressurgir tempos depois ou nunca mais causar lesões. Portanto, quando é feito o diagnóstico, não é possível saber se trata-se de uma infecção recente ou muito antiga.

O que é o HPV?

O HPV é um vírus com mais de 80 tipos diferentes. Na maioria das vezes não causa sintomas mas pode ser transmitido porque está presente na pele genital. Ele pode permanecer neste estado numa pessoa por anos a décadas.

Como posso saber se tenho infecção pelo HPV?

Os condilomas podem aparecer várias semanas após o contágio. Em alguns casos, isto pode levar meses ou nunca aparecer. Quando são visíveis, podem ser únicos ou múltiplos.

As lesões muito pequenas ou planas, são vistas apenas após aplicação de soluções reagentes e através de uma lente de aumento (como na colposcopia). Também podem ser sugeridas num exame preventivo mas este exame, quando negativo, não garante inexistência do vírus.

Quando não existem lesões, o diagnóstico da infecção pelo HPV só pode ser feito por técnicas moleculares. Não há teste no sangue para sua identificação e não aparece nos exames rotineiros. Infelizmente, as pessoas freqüentemente tomam conhecimento da infecção apenas quando a transmitem a(o) parceira(o) e nesta(e) aparecem lesões.

Como o HPV é transmitido?

O HPV é transmitido durante a relação sexual com alguém que esteja infectado mas, como depende apenas do contato com a pele, não é necessária a penetração para que haja contaminação. Não existem evidências de que toalhas, roupas íntimas ou tampas de vasos sanitários possam fazer esta transmissão.

Como a infecção pelo HPV é tratada?

Existem vários tratamentos para remover condilomas (lesões visíveis). Eles podem ser uma simples aplicação de uma substância química ou até a sua retirada cirúrgica.

Já quanto a tratar as lesões muito pequenas ou planas, existe uma grande controvérsia. A decisão de tratá-las depende da história individual do(a) paciente, da extensão da doença a da crença do médico assistente. Alguns tratarão esta forma de infecção enquanto outros vão preferir acompanhar seus pacientes procurando detectar lesões pré cancerosas que por ventura venham a surgir.

Quando não existem lesões, a infecção pelo HPV não tem tratamento específico pois não existe um medicamento contra este vírus.

A escolha da melhor forma de tratamento é do médico assistente em conjunto com seu(sua) paciente. Porém, nem todos os tratamentos são igualmente efetivos para todos os pacientes, o que pode ser frustrante para ambos. Os tratamentos químicos ou cirúrgicos podem eliminar as lesões visíveis mas alguns vírus poderão permanecer nas vizinhanças. Estes vírus podem permanecer num estado latente ou podem causar o desenvolvimento de novas lesões no futuro.

Assim, nenhum tratamento garante a cura total e o não aparecimento de novas lesões. Uma pessoa tratada deve ser reexaminada periodicamente para verificar se novas lesões apareceram.

Qual a relação do HPV com o câncer genital?

Alguns tipos de HPV aumentam o risco para câncer genital, principalmente em mulheres. É importante lembrar que o exame preventivo pode detectar as lesões que antecedem o câncer, estas sim, de fácil tratamento.

Após o diagnóstico da infecção pelo HPV, a maioria terá regressão espontânea. Algumas mulheres, porém, apresentarão persistência de doença ou progressão, podendo desenvolver uma lesão pré cancerosa (chamadas de displasias moderada / acentuada /carcinoma in situ; neoplasias intra-epiteliais graus II ou III – NIC II/III; lesões intraepiteliais de alto grau - HSIL/SIL2). Isto pode levar anos e depende também de outros fatores, dentre os quais o mais importante é a imunidade. Em portadores do virus da AIDS ou em uso de medicamentos imunossupressores esta progressão será mais provável e poderá ser mais rápida.

Apesar de nossa impotência em eliminar o vírus, temos métodos efetivos para diagnosticar a tempo as lesões pré cancerosas e tratá-las, evitando o desenvolvimento do câncer. Assim, a mulher portadora do HPV deve ter em mente que, qualquer que seja sua forma de infecção e tratamento adotado, deve manter a prevenção adequada. Isto pode ser feito através da realização periódica do preventivo e da colposcopia, conforme indicação de seu médico assistente.

Deve ficar claro que o fato de ser portador(a) do HPV não significa que, certamente, haverá desenvolvimento de câncer no futuro. Ao contrário, a maioria nunca terá nenhum grau de doença.

A infecção pelo HPV pode causar problemas durante a gestação?

Um bebê pode contaminar-se pelo HPV antes, durante ou após o parto, mesmo quando nascido por cesariana. Todavia, é muito raro o desenvolvimento de lesões pelo HPV em decorrência desta contaminação. Também não existe risco de gerar um bebê anormal.

Como pode ser prevenida a transmissão da infecção pelo HPV?

O preservativo ou camisinha-de-vênus (condom) oferece uma boa proteção contra o HPV assim como contra outras doenças sexualmente transmissíveis se usadas durante toda a relação. O problema com o HPV é que o condom somente será efetivo nesta proteção se cobrir as áreas infectadas. Isto quer dizer que, se existe infeção da região pubiana, saco escrotal, ou na parte externa da vagina (vulva), o HPV poderá ser transmitido mesmo em uso do preservativo.

Outro fato a considerar é que não existem evidências de que um casal em que ambos estejam contaminados se beneficiará da abstinência sexual ou sexo unicamente com camisinha.

Qual é a reação emocional da pessoa que recebe o diagnóstico da infecção pelo HPV?

Este diagnóstico freqüentemente causa várias reações emocionais e, normalmente, estas reações são o que mais incomoda após o conhecimento de que está infectado(a). Algumas pessoas poderão sentir culpa, ansiedade, isolamento, raiva ou depressão. Independente da reação, é importante lembrar que você não está sozinho(a). A doença afeta milhões de pessoas no mundo. É uma doença controlável, que não ameaça a vida e que seu sofrimento decorre apenas do medo ou culpa que o conhecimento deste diagnóstico e de suas possíveis implicações foi capaz de gerar.

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