sábado, 4 de outubro de 2008

USE OBJETIVIDADE NA LINGUAGEM DO AMOR



Não há nada mais enlouquecedor do que se relacionar com
alguém que não expõe o que quer. Alguém que estabelece uma comunicação por
códigos, que pressiona você a criar uma legenda se quiser entendê-lo e
desenvolver um diálogo na relação.

Você acha que não existem pessoas assim?
Somente se forem realmente loucas? Não conte com isso! Até você e eu,
provavelmente, já demos respostas que não queríamos dar, já dissemos “sim”
quando queríamos dizer “não” e assim por diante.

No entanto, o problema é que algumas pessoas transformam essa “incoerência” numa
dinâmica habitual, num jeito constante de funcionar, especialmente nas
relações amorosas. Pensam - não sei baseadas em quê - que o outro tem
obrigação de saber o que elas querem, de ler os pensamentos delas e agir para
lhes agradarem.

Não sabe do que estou falando? Nunca conheceu ninguém assim? Vou contar uma
percepção minha, mas não quero, absolutamente, criar algum tipo de clichê ou
defender alguma espécie de generalização: vocês sabem que sou totalmente contra
clichês e generalizações, machismo ou feminismo. Sou, sobretudo, defensora do
divino que há em cada um!

Porém, minha percepção me mostra que são, geralmente (não todas!), as mulheres
que se comportam assim. Adotam uma linguagem subjetiva, mascarada e
difícil de ser entendida. Equivocadamente, passam a acreditar que seus
parceiros têm que saber o que elas estão sentindo, pensando e desejando. E
quando eles não conseguem - e muitos até tentam! - elas se sentem magoadas,
rejeitadas e até no direito de reforçarem ainda mais este comportamento absurdo,
que não esclarece nem acrescenta nada na relação.

Estou citando situações como quando, por algum motivo que o outro realmente não
sabe qual é (porque não foi dito), a pessoa está com cara feia, chateada ou
brava. Aí o parceiro pergunta: “o que você tem?” e o incomodado responde:
“nada!” e se recusa a tocar no assunto até que um dia explode, acusando e
criticando o outro indiscriminadamente, falando até daquele dia que ele esqueceu
de colocar o leite na geladeira. Vocês acreditam que tem gente que faz isso?!?
Tenho certeza que sim, pois já se comportaram desta forma ou já fizeram o mesmo
com vocês!!!

Pessoas que respondem “não sei” quando realmente não sabem, são coerentes; mas
pessoas que respondem “não sei” só porque acham que o outro deveria saber a sua
resposta, são psicóticas, podem apostar! Dizer “sim” quando quer dizer “não” e
vice-versa; sair quando tem vontade de ficar; empurrar o outro para longe quando
está morrendo de vontade de abraçá-lo; dizer que está “tudo bem” só para o outro
continuar insistindo, perguntando, querendo saber o que está acontecendo... é
pura psicose!

Sugiro que comecemos a ser mais verdadeiros e objetivos na linguagem do amor.
Que consigamos dizer exatamente o que estamos sentindo, utilizando as palavras a
partir de seus reais significados. Sim é sim e não é não. Quero é quero e não
quero é não quero! Podemos até não querer falar sobre determinado assunto no
momento em que o outro pergunta, mas dizer que a gente não tem nada quando
sustenta uma carranca ou um bico imperial é querer enlouquecê-lo... e não chegar
a lugar algum. Diga a verdade: “estou chateado, mas não quero conversar agora.
Quando eu estiver mais calmo, a gente fala sobre isso”! Pronto! Simples assim!!!
Sem enigmas, sem códigos, sem exigir que o outro crie uma legenda para nos
compreender.

Porque - de fato - parece que algumas pessoas acreditam que amar é criar
legendas. Alucinam sobre a idéia de que não precisam demonstrar o que sentem,
falarem o que desejam, discordar de algum assunto e exporem suas opiniões,
enfim, que não precisam ser elas mesmas na relação porque o outro já deveria
saber, deveria perceber.

Esqueça! Ninguém tem que saber nada sobre você até que você fale, se exponha,
peça, reclame, esclareça, enfim, converse, exerça sua civilidade e sua
capacidade de dialogar, comunicar-se. O amor não sobrevive sem comunicação, sem
a intenção de facilitar o entendimento. No entanto, pior do que não facilitar é
complicar, é transformar o amor em códigos de guerra, fazendo o outro se sentir
em constante teste, pressão...

Esforce-se para traduzir - você mesmo - os seus pensamentos, sentimentos e
desejos. E contribua significativamente para o sucesso do seu relacionamento.


Rosana Braga

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